Testemunhas relataram que tinham as partes íntimas tocadas por Gilmar Ferreira Maróstica. Ele foi condenado a mais de 13 anos de prisão pelo juízo da 1ª Vara Criminal de Guaraí. Pastor fazia rituais mensais e tocava as partes íntimas de adolescentes, diz sentença
O pastor Gilmar Ferreira Maróstica, condenado a mais de 13 anos de prisão pela 1ª Vara Criminal de Guaraí, fazia ‘ritual de unção’ de três a quatro vezes por mês e tinha muita influência dentro da igreja onde as vítimas congregavam. As informações foram repassadas por testemunhas que deram depoimentos durante processo conta o homem, considerado um líder religioso.
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Gilmar foi condenado pelos crimes de estupro, ato libidinoso e conjunção carnal mediante fraude religiosa ou abuso de autoridade. A defesa dele negou as acusações e afirmou que ele é inocente e alegou que não existem provas que sustentem as acusações. Também afirmou que recorreu da decisão e aguarda julgamento, ressaltando que ele permanece amparado pela presunção de inocência (veja a nota completa abaixo).
Pastor Gilmar Maróstica foi condenado, mas recorre em liberdade
TV Anhanguera/Reprodução
As investigações começaram em 2019. O Ministério Público ofereceu denúncia em abril deste ano. No processo, 12 testemunhas indicadas como vítimas foram chamadas para audiências, que aconteceram no Fórum de Guaraí. A justiça considerou o depoimento de dez delas.
Em documento relativo ao processo obtido com exclusividade pela TV Anhanguera, uma das vítimas disse que o pastor Gilmar Maróstica tocou suas partes íntimas durante um momento de “unção”.
Pelo menos três vítimas confirmam a frequência dos assédios no ‘ritual’, que aconteciam em um monte da cidade. Além dos toques físicos, um dos jovens que denunciou os abusos informou que teve sua vida íntima exposta para toda a igreja.
“Tudo da minha vida pessoal e particular eu tinha que escrever nesse papel. Eles me levaram para cima desse monte com mais sete intercessores e fizeram eu falar cada pecado em voz alta com o papel na mão. Depois que isso aconteceu, as pessoas saíram falando toda minha vida dentro da igreja”, contou uma das vítimas.
O processo também aponta que ainda com as mulheres a abordagem do pastor era diferente, já que ele não agia mediante fraude, ou seja, não justificava os atos como forma de purificação, mas utilizava de sua autoridade como pastor de jovens.
Trecho da sentença que condenou o pastor Gilmar Maróstica, de Guaraí
Reprodução/TV Anhanguera
Outras vítimas também relataram para justiça que o Gilmar tinha muita influência não apenas dentro da igreja, mas em toda a cidade. O líder religioso, segundo o documento, quando não gostava do tratamento por parte dos jovens, passava a tratá-los mal na frente dos demais.
Autoridade do pastor era tão grande, que em um determinado momento, a mãe de uma das jovens, teria pedido autorização do líder para a filha viajar.
“Através da confiança que ele já tinha passado para a gente. Ele tentava fazer contato comigo [falando] ‘ah, precisamos fazer uma oração, vamos orar para tal coisa na sua vida’. Foi onde ele mostrou a parte íntima dele pra mim”, disse uma jovem que também foi vítima de Gilmar.
Uma discipuladora afirmou à justiça que o procedimento era realizado em uma sala de dois ambientes em que a pessoa ficava em uma delas e o pastor que iria auxiliar, em outra. Dessa forma, ele não veria a pessoa despida.
Nesse contexto, foi comprovado no processo que o ritual de ungir os adolescentes não era uma prática comum da entidade religiosa, que acontecia às escondidas e sem conhecimento prévio da líder da igreja.
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Figura paterna
Em um dos relatos, uma vítima afirmou que foi vítima de estelionato religioso, já que a busca pela cura e suas feridas foram utilizadas contra ele, já que que via em Gilmar uma liderança espiritual e uma figura paterna.
Conforme o promotor Adriano Ziza, Gilmar geralmente se aproximava de jovens que não tinham uma presença paterna, para possivelmente ocupar esse espaço.
“Ele se aproximava mais daqueles meninos que cresceram sem o pai, que buscavam nele uma orientação paterna a respeito daquela fase da adolescência que todos passam. E ele, aproveitando dessa fase da adolescência, propunha esse tipo de liturgia”, explicou o promotor.
O Ministério Publico ofereceu denúncia em abril deste ano e em outubro o pastor foi condenado a 13 anos e seis meses de prisão, a serem cumpridos inicialmente em regime fechado. Como ainda cabe recurso, ele está em liberdade. Entretanto, o MP afirmou que vai pedir um endurecimento da pena.
Mesmo depois do escândalo, o pastor continuava ministrando cultos na Igreja Evangélica Família Vitoriosa em Guaraí, mas segundo os representantes, ele foi afastado das funções.
O que dizem as igrejas
Os abusos ocorreram quando Gilmar Maróstica congregava na Embaixada Apostólica Filadélfia. Em nota publicada nas redes sociais, a igreja se defendeu afirmando que ele ocupava função pastoral e segundo os líderes não sabiam das práticas delituosas atribuídas a esse indivíduo.
Também afirmou que a punição recebida pelo pastor, após denúncias das vítimas, era na condição de disciplinar, ‘única possível dentro do âmbito eclesiástico’, ‘respeitando o devido processo legal e posteriores apurações’, destacou a nota. Além disso, destacou que a fundadora da igreja, já falecida, colaborou com a investigação policial até sua morte, em 2021 (veja a íntegra da nota abaixo).
Atualmente, Gilmar faz parte da Igreja Família Vitoriosa Guaraí. Em nota o representante da instituição, pastor Enéias Abreu, afirmou que Gilmar congrega desde 2019 no local e que não pode se pronunciar sobre os fatos que aconteceram antes disso (veja a nota completa abaixo).
Íntegra da nota da defesa de Gilmar Maróstica
O escritório de advocacia Apolinário Paiva e Rocha Advocacia, na qualidade de representantes do Sr. Gilmar Maróstica, vem por meio deste manifestar nossa posição em relação à cobertura jornalística que será veiculada sobre as alegações que envolvem o Sr. Gilmar.
O Sr. Gilmar Maróstica reitera, de maneira enfática, sua inocência em relação às acusações que lhe foram atribuídas. Ele nega a existência de qualquer prova que sustente as alegações de abuso e afirma que não há nenhum documento que evidencie sua confissão.
É importante esclarecer que, conforme o princípio da presunção de inocência, garantido pelo artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, toda pessoa é considerada inocente até que se prove o contrário, em decisão transitada em julgado. Embora o Sr. Gilmar tenha recebido uma sentença condenatória, é relevante destacar que um recurso já foi interposto e, portanto, a questão ainda não se encontra definitivamente resolvida.
Por fim, solicitamos que qualquer informação divulgada sobre o caso seja apresentada de forma clara, destacando a condição de recurso ainda pendente de julgamento e a presunção de inocência que ampara nosso cliente. Estamos à disposição para fornecer quaisquer esclarecimentos adicionais que se façam necessários.
Íntegra da nota da Igreja Filadélfia
A Embaixada Apostólica Filadélfia, por meio de seus Bispos, líderes e assessoria jurídica, vem a público esclarecer sua posição diante dos graves crimes cometidos pelo ex-pastor Gilmar Ferreira Maróstica. A igreja esclarece que, enquanto ele ocupava função pastoral em nossa instituição, desconhecia completamente as práticas delituosas atribuídas a esse indivíduo.
Assim que tomamos conhecimento das acusações, ele foi imediatamente afastado de todas as suas funções, bem como posto em condição de “disciplina”, única punição possível dentro do âmbito eclesiástico em consonância com nossos princípios éticos e de fé, respeitando o devido processo legal e posteriores apurações.
Registramos ainda que a fundadora desta igreja, saudosa Pastora Ilda, colaborou com o trabalho investigativo até o seu falecimento, ocorrido no início de 2021, com toda documentação de cunho eclesiástico instaurada na igreja.
A Embaixada Apostólica Filadélfia reitera seu compromisso inabalável com o Evangelho de Jesus Cristo e reforça sua postura de total repúdio aos crimes cometidos por aquele que se utilizou do título de pastor de forma indevida. Reafirmamos nosso compromisso de buscar a justiça e de nos manter à disposição das autoridades para qualquer cooperação necessária.
Igreja Família Vitoriosa Guaraí
O Papel da Igreja é Restaurar. Essa foi a missão de Jesus e essa é a nossa Missão, acolher a Todos Que Procuram a Igreja.
Eu tenho exercido a missão da igreja na cidade e no estado, trabalhando no caráter, na restauração e cura para toda família do pastor Gilmar.
Vale Ressaltar que o Pastor Gilmar está desde 2019 na nossa igreja, o que aconteceu antes disso não vou me pronunciar, só ele e os advogados podem responder e tudo que é tratado no âmbito pastoral permanece no âmbito pastoral.
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O pastor Gilmar Ferreira Maróstica, condenado a mais de 13 anos de prisão pela 1ª Vara Criminal de Guaraí, fazia ‘ritual de unção’ de três a quatro vezes por mês e tinha muita influência dentro da igreja onde as vítimas congregavam. As informações foram repassadas por testemunhas que deram depoimentos durante processo conta o homem, considerado um líder religioso.
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Gilmar foi condenado pelos crimes de estupro, ato libidinoso e conjunção carnal mediante fraude religiosa ou abuso de autoridade. A defesa dele negou as acusações e afirmou que ele é inocente e alegou que não existem provas que sustentem as acusações. Também afirmou que recorreu da decisão e aguarda julgamento, ressaltando que ele permanece amparado pela presunção de inocência (veja a nota completa abaixo).
Pastor Gilmar Maróstica foi condenado, mas recorre em liberdade
TV Anhanguera/Reprodução
As investigações começaram em 2019. O Ministério Público ofereceu denúncia em abril deste ano. No processo, 12 testemunhas indicadas como vítimas foram chamadas para audiências, que aconteceram no Fórum de Guaraí. A justiça considerou o depoimento de dez delas.
Em documento relativo ao processo obtido com exclusividade pela TV Anhanguera, uma das vítimas disse que o pastor Gilmar Maróstica tocou suas partes íntimas durante um momento de “unção”.
Pelo menos três vítimas confirmam a frequência dos assédios no ‘ritual’, que aconteciam em um monte da cidade. Além dos toques físicos, um dos jovens que denunciou os abusos informou que teve sua vida íntima exposta para toda a igreja.
“Tudo da minha vida pessoal e particular eu tinha que escrever nesse papel. Eles me levaram para cima desse monte com mais sete intercessores e fizeram eu falar cada pecado em voz alta com o papel na mão. Depois que isso aconteceu, as pessoas saíram falando toda minha vida dentro da igreja”, contou uma das vítimas.
O processo também aponta que ainda com as mulheres a abordagem do pastor era diferente, já que ele não agia mediante fraude, ou seja, não justificava os atos como forma de purificação, mas utilizava de sua autoridade como pastor de jovens.
Trecho da sentença que condenou o pastor Gilmar Maróstica, de Guaraí
Reprodução/TV Anhanguera
Outras vítimas também relataram para justiça que o Gilmar tinha muita influência não apenas dentro da igreja, mas em toda a cidade. O líder religioso, segundo o documento, quando não gostava do tratamento por parte dos jovens, passava a tratá-los mal na frente dos demais.
Autoridade do pastor era tão grande, que em um determinado momento, a mãe de uma das jovens, teria pedido autorização do líder para a filha viajar.
“Através da confiança que ele já tinha passado para a gente. Ele tentava fazer contato comigo [falando] ‘ah, precisamos fazer uma oração, vamos orar para tal coisa na sua vida’. Foi onde ele mostrou a parte íntima dele pra mim”, disse uma jovem que também foi vítima de Gilmar.
Uma discipuladora afirmou à justiça que o procedimento era realizado em uma sala de dois ambientes em que a pessoa ficava em uma delas e o pastor que iria auxiliar, em outra. Dessa forma, ele não veria a pessoa despida.
Nesse contexto, foi comprovado no processo que o ritual de ungir os adolescentes não era uma prática comum da entidade religiosa, que acontecia às escondidas e sem conhecimento prévio da líder da igreja.
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Em um dos relatos, uma vítima afirmou que foi vítima de estelionato religioso, já que a busca pela cura e suas feridas foram utilizadas contra ele, já que que via em Gilmar uma liderança espiritual e uma figura paterna.
Conforme o promotor Adriano Ziza, Gilmar geralmente se aproximava de jovens que não tinham uma presença paterna, para possivelmente ocupar esse espaço.
“Ele se aproximava mais daqueles meninos que cresceram sem o pai, que buscavam nele uma orientação paterna a respeito daquela fase da adolescência que todos passam. E ele, aproveitando dessa fase da adolescência, propunha esse tipo de liturgia”, explicou o promotor.
O Ministério Publico ofereceu denúncia em abril deste ano e em outubro o pastor foi condenado a 13 anos e seis meses de prisão, a serem cumpridos inicialmente em regime fechado. Como ainda cabe recurso, ele está em liberdade. Entretanto, o MP afirmou que vai pedir um endurecimento da pena.
Mesmo depois do escândalo, o pastor continuava ministrando cultos na Igreja Evangélica Família Vitoriosa em Guaraí, mas segundo os representantes, ele foi afastado das funções.
O que dizem as igrejas
Os abusos ocorreram quando Gilmar Maróstica congregava na Embaixada Apostólica Filadélfia. Em nota publicada nas redes sociais, a igreja se defendeu afirmando que ele ocupava função pastoral e segundo os líderes não sabiam das práticas delituosas atribuídas a esse indivíduo.
Também afirmou que a punição recebida pelo pastor, após denúncias das vítimas, era na condição de disciplinar, ‘única possível dentro do âmbito eclesiástico’, ‘respeitando o devido processo legal e posteriores apurações’, destacou a nota. Além disso, destacou que a fundadora da igreja, já falecida, colaborou com a investigação policial até sua morte, em 2021 (veja a íntegra da nota abaixo).
Atualmente, Gilmar faz parte da Igreja Família Vitoriosa Guaraí. Em nota o representante da instituição, pastor Enéias Abreu, afirmou que Gilmar congrega desde 2019 no local e que não pode se pronunciar sobre os fatos que aconteceram antes disso (veja a nota completa abaixo).
Íntegra da nota da defesa de Gilmar Maróstica
O escritório de advocacia Apolinário Paiva e Rocha Advocacia, na qualidade de representantes do Sr. Gilmar Maróstica, vem por meio deste manifestar nossa posição em relação à cobertura jornalística que será veiculada sobre as alegações que envolvem o Sr. Gilmar.
O Sr. Gilmar Maróstica reitera, de maneira enfática, sua inocência em relação às acusações que lhe foram atribuídas. Ele nega a existência de qualquer prova que sustente as alegações de abuso e afirma que não há nenhum documento que evidencie sua confissão.
É importante esclarecer que, conforme o princípio da presunção de inocência, garantido pelo artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, toda pessoa é considerada inocente até que se prove o contrário, em decisão transitada em julgado. Embora o Sr. Gilmar tenha recebido uma sentença condenatória, é relevante destacar que um recurso já foi interposto e, portanto, a questão ainda não se encontra definitivamente resolvida.
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Íntegra da nota da Igreja Filadélfia
A Embaixada Apostólica Filadélfia, por meio de seus Bispos, líderes e assessoria jurídica, vem a público esclarecer sua posição diante dos graves crimes cometidos pelo ex-pastor Gilmar Ferreira Maróstica. A igreja esclarece que, enquanto ele ocupava função pastoral em nossa instituição, desconhecia completamente as práticas delituosas atribuídas a esse indivíduo.
Assim que tomamos conhecimento das acusações, ele foi imediatamente afastado de todas as suas funções, bem como posto em condição de “disciplina”, única punição possível dentro do âmbito eclesiástico em consonância com nossos princípios éticos e de fé, respeitando o devido processo legal e posteriores apurações.
Registramos ainda que a fundadora desta igreja, saudosa Pastora Ilda, colaborou com o trabalho investigativo até o seu falecimento, ocorrido no início de 2021, com toda documentação de cunho eclesiástico instaurada na igreja.
A Embaixada Apostólica Filadélfia reitera seu compromisso inabalável com o Evangelho de Jesus Cristo e reforça sua postura de total repúdio aos crimes cometidos por aquele que se utilizou do título de pastor de forma indevida. Reafirmamos nosso compromisso de buscar a justiça e de nos manter à disposição das autoridades para qualquer cooperação necessária.
Igreja Família Vitoriosa Guaraí
O Papel da Igreja é Restaurar. Essa foi a missão de Jesus e essa é a nossa Missão, acolher a Todos Que Procuram a Igreja.
Eu tenho exercido a missão da igreja na cidade e no estado, trabalhando no caráter, na restauração e cura para toda família do pastor Gilmar.
Vale Ressaltar que o Pastor Gilmar está desde 2019 na nossa igreja, o que aconteceu antes disso não vou me pronunciar, só ele e os advogados podem responder e tudo que é tratado no âmbito pastoral permanece no âmbito pastoral.
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