Atleta Heitora Beatriz Freire Santos mora em Minas Gerais e competiu no Tocantins
TV Anhanguera/Reprodução
A atleta Heitora Beatriz Freire Santos, que denunciou um caso de transfobia durante uma partida de vôlei, havia sido contratada para jogar pelo time tocantinense Alta do Formoso. A jovem mora em Minas Gerais e veio para o Tocantins competir em Gurupi. Em entrevista ao g1, ela contou que a situação não afetou somente ela, mas também as outras jogadoras do time que têm entre 14 e 15 anos.
“Teve esse episódio que mais me chateou. O nosso time tinha seis meninas de 14 ou 15 anos que presenciaram essas falas, que presenciaram essas abusividades que ele teve contra mim, mas que a gente sabe que não vão ficar impunes. Eu estava mais triste de ver que o time todo estava abalado por uma coisa que estava sendo direcionada a mim e eu me senti impotente e não consegui fazer nada em relação a isso”, disse.
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O caso aconteceu na noite do último sábado (25), na Escola Municipal Luiza Borges. O advogado Giovani Fonseca de Miranda, de 65 anos, foi preso em flagrante suspeito de fazer ofensas transfóbicas contra a atleta. Ele foi liberado pela Justiça para responder em liberdade, com medidas cautelares. A defesa de Giovani Fonseca de Miranda, feita pela advogada Giovana Martins de Miranda, informou que os fatos mencionados não ocorreram e serão comprovados ao longo do processo.
Heitora joga vôlei desde os 12 anos de idade. Ela é casada há quatro anos, trabalha como motorista de aplicativo em Minas Gerais e o esporte tem sido sua fonte de renda extra.
“Uma coisa que eu estou acostumada a passar. Nunca foi tão forte. Eu sei que com o tempo a minha mente vai dar uma esquecida, mas nunca sai do coração. Fiz [a denúncia] para incentivar que outras pessoas também tenham coragem. Porque se todas as vezes que isso começar a acontecer, a gente tiver coragem de lutar e de buscar o nosso direito, uma hora isso vai diminuir”, disse.
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Câmara abre processo de impeachment contra prefeito por receber salário de R$ 144 mil em um mês
Uma semana antes dos jogos da Copa Matrix em Gurupi, ela foi contratada pela equipe de Formoso do Araguaia. No sábado, a partida foi entre o Alta do Formoso e o time da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) de Palmas.
Os ataques, segundo a atleta, começaram ainda no início do jogo, mas ela só percebeu que as ofensas eram direcionadas a ela quando precisou trocar uma tornozeleira. “Ele [o advogado] falou uma coisa que ele citou órgãos genitais, ele citou comparações, ele chegou a pôr como se tivesse uma pessoa que não fosse mulher jogando com mulheres”.
A AABB Palmas informou que não compactua com qualquer prática de discriminação, preconceito ou intolerância, seja de natureza transfóbica, racial, religiosa ou de qualquer outra forma de desrespeito à dignidade humana (veja nota completa abaixo).
Ao g1, a Heitora contou que outra atleta trans também participava do jogo, mas pelo time adversário.
“No time adversário também tinha uma menina trans e em momento algum ela foi agredida pela nossa torcida e sequer também por aquele senhor. Ela declarou superapoio, ela foi carinhosa, cuidadosa, me mandou mensagem, me disse que estava muito chateada com a situação e que, se eu precisasse dela, eu poderia entrar em contato com ela”, disse.
Segundo a atleta, para jogar no time feminino é necessário seguir padrões estabelecidos pelos órgãos maiores, como o Comitê Olímpico Internacional, Federação Internacional de Voleibol e Confederação Brasileira de Voleibol.
“Eles exigem que eu tenha 12 meses de exame com a minha testosterona abaixo de 5 nanomoles por litro de sangue. Esse é o primeiro ponto para que eu possa atuar com as meninas cis. A minha testosterona tem que ser abaixo de 5. Minha identidade de gênero tem que ser reconhecida em firma há pelo menos dois anos, mas nessa competição específica foram pedidos só seis meses de exame, por não ser profissional mesmo, já que ela [a competição] é entre o amador e o profissional”, explicou.
Advogado é preso suspeito de transfobia contra atleta durante partida de vôlei
Liberdade com medidas cautelares
O MPTO considerou que houve flagrante e pediu a homologação da prisão, mas apontou que não havia necessidade de prisão preventiva e o advogado deveria ser liberado com medidas cautelares. A decisão da juíza Keila Suely Silva da Silva concedeu liberdade provisória para o advogado e estabeleceu as seguintes cautelares:
Comparecer a todos os atos do inquérito e de eventual processo, sempre que for intimado para comparecimento, devendo manter sempre o seu endereço atualizado;
Está proibido de ausentar-se da comarca onde reside/domicílio por mais de 30 (trinta) dias, sem prévia comunicação/autorização judicial, quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução processual;
Proibido de acessar ou frequentar quaisquer eventos esportivos (jogos, competições, treinos, etc.), em todo o território nacional, em qualquer condição (torcedor, acompanhante ou outro), nos termos do art. 319, II, do CPP, dada a natureza do delito em investigação;
Proibição de manter contato com a vítima Heitora Beatriz Freire Santos, por qualquer meio (telefônico, digital ou pessoal), mantendo distância mínima dela de 500 metros (art. 319, III, CPP).
Íntegra da nota da AABB Palmas
A AABB Palmas reforça que não compactua com quaisquer práticas de discriminação, preconceito ou intolerância, seja de natureza transfóbica, racial, religiosa ou de qualquer outra forma de desrespeito à dignidade humana.
Esses valores estão expressamente previstos no Código de Ética da AABB Palmas, disponível em nosso site, em conformidade com o artigo 5º, parágrafo IV, que estabelece que o Clube ‘atua em consonância com os princípios constantes da Declaração Universal dos Direitos Humanos e com as Políticas Públicas voltadas à equidade de gênero e às pessoas com deficiência’.
A AABB Palmas reafirma seu compromisso com o respeito, a inclusão e a convivência harmônica, pilares que norteiam todas as suas ações e relações institucionais, esportivas e sociais.
AABB Palmas
Íntegra da nota da Copa Matrix
A organização do Copa Matrix 2025, vem a público, com o devido respeito e empatia, manifestar solidariedade à atleta Heitora Beatriz, diante da situação ocorrida durante a partida entre AABB e Alpha de Formoso, neste sábado, dia 25.
Informamos nossa total disponibilidade e apoio à atleta, que foi vítima de transfobia por um torcedor durante a partida.
Situações como a ocorrida não devem ser toleradas, muito menos esquecidas.
Ao tomar ciência da situação, a organização do Copa Matrix 2025 não hesitou em instruir a atleta sobre as medidas cabíveis, além de banir o comparecimento do acusado na sede em que ocorriam os jogos.
Ademais, a organização esteve presente na delegacia no momento de registro do Boletim de Ocorrência, se mantendo à disposição para eventuais esclarecimentos e apoio à atleta.
Em matéria publicada, fora criticado nossa postura referente a punição da equipe AABB. Quanto a isso, informamos que a não punição do time se pautou no fato de a conduta não ter sido cometida por nenhuma das atletas e membros da comissão técnica, sendo inviável que a atitude de um torcedor recaísse sobre a equipe, que dentro de quadra, se manteve com devido decoro e respeito, não sendo registrado ofensas por parte das jogadoras ou da equipe técnica. Por óbvio, caso o time e sua equipe houvessem demonstrado conivência com a atitude criminosa ocorrida, haveria punição.
Neste sentido, como já explicado, não houve negligência, muito menos desapoio de nossa parte, que instruímos e acompanhamos toda situação de perto.
Por todo exposto, reafirmamos nosso total apoio à atleta Heitora Beatriz, que não merecia ter passado por situação tão difícil, delicada e vexatória, em um momento que deveria ser de diversão e alegria para com os times e suas colegas de quadra.
A transfobia deve ser repreendida de todas as formas possíveis, e qualquer manifestação de preconceito deve ser repelida pelas vias cabíveis. O silêncio jamais deve ser considerado e atitudes devem ser tomadas, para que assim entendam e respeitem o próximo, sua verdade e sua vida!
Com o devido respeito, empatia e solidariedade, Organização Matrix 2025
Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.
TV Anhanguera/Reprodução
A atleta Heitora Beatriz Freire Santos, que denunciou um caso de transfobia durante uma partida de vôlei, havia sido contratada para jogar pelo time tocantinense Alta do Formoso. A jovem mora em Minas Gerais e veio para o Tocantins competir em Gurupi. Em entrevista ao g1, ela contou que a situação não afetou somente ela, mas também as outras jogadoras do time que têm entre 14 e 15 anos.
“Teve esse episódio que mais me chateou. O nosso time tinha seis meninas de 14 ou 15 anos que presenciaram essas falas, que presenciaram essas abusividades que ele teve contra mim, mas que a gente sabe que não vão ficar impunes. Eu estava mais triste de ver que o time todo estava abalado por uma coisa que estava sendo direcionada a mim e eu me senti impotente e não consegui fazer nada em relação a isso”, disse.
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O caso aconteceu na noite do último sábado (25), na Escola Municipal Luiza Borges. O advogado Giovani Fonseca de Miranda, de 65 anos, foi preso em flagrante suspeito de fazer ofensas transfóbicas contra a atleta. Ele foi liberado pela Justiça para responder em liberdade, com medidas cautelares. A defesa de Giovani Fonseca de Miranda, feita pela advogada Giovana Martins de Miranda, informou que os fatos mencionados não ocorreram e serão comprovados ao longo do processo.
Heitora joga vôlei desde os 12 anos de idade. Ela é casada há quatro anos, trabalha como motorista de aplicativo em Minas Gerais e o esporte tem sido sua fonte de renda extra.
“Uma coisa que eu estou acostumada a passar. Nunca foi tão forte. Eu sei que com o tempo a minha mente vai dar uma esquecida, mas nunca sai do coração. Fiz [a denúncia] para incentivar que outras pessoas também tenham coragem. Porque se todas as vezes que isso começar a acontecer, a gente tiver coragem de lutar e de buscar o nosso direito, uma hora isso vai diminuir”, disse.
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Uma semana antes dos jogos da Copa Matrix em Gurupi, ela foi contratada pela equipe de Formoso do Araguaia. No sábado, a partida foi entre o Alta do Formoso e o time da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) de Palmas.
Os ataques, segundo a atleta, começaram ainda no início do jogo, mas ela só percebeu que as ofensas eram direcionadas a ela quando precisou trocar uma tornozeleira. “Ele [o advogado] falou uma coisa que ele citou órgãos genitais, ele citou comparações, ele chegou a pôr como se tivesse uma pessoa que não fosse mulher jogando com mulheres”.
A AABB Palmas informou que não compactua com qualquer prática de discriminação, preconceito ou intolerância, seja de natureza transfóbica, racial, religiosa ou de qualquer outra forma de desrespeito à dignidade humana (veja nota completa abaixo).
Ao g1, a Heitora contou que outra atleta trans também participava do jogo, mas pelo time adversário.
“No time adversário também tinha uma menina trans e em momento algum ela foi agredida pela nossa torcida e sequer também por aquele senhor. Ela declarou superapoio, ela foi carinhosa, cuidadosa, me mandou mensagem, me disse que estava muito chateada com a situação e que, se eu precisasse dela, eu poderia entrar em contato com ela”, disse.
Segundo a atleta, para jogar no time feminino é necessário seguir padrões estabelecidos pelos órgãos maiores, como o Comitê Olímpico Internacional, Federação Internacional de Voleibol e Confederação Brasileira de Voleibol.
“Eles exigem que eu tenha 12 meses de exame com a minha testosterona abaixo de 5 nanomoles por litro de sangue. Esse é o primeiro ponto para que eu possa atuar com as meninas cis. A minha testosterona tem que ser abaixo de 5. Minha identidade de gênero tem que ser reconhecida em firma há pelo menos dois anos, mas nessa competição específica foram pedidos só seis meses de exame, por não ser profissional mesmo, já que ela [a competição] é entre o amador e o profissional”, explicou.
Advogado é preso suspeito de transfobia contra atleta durante partida de vôlei
Liberdade com medidas cautelares
O MPTO considerou que houve flagrante e pediu a homologação da prisão, mas apontou que não havia necessidade de prisão preventiva e o advogado deveria ser liberado com medidas cautelares. A decisão da juíza Keila Suely Silva da Silva concedeu liberdade provisória para o advogado e estabeleceu as seguintes cautelares:
Comparecer a todos os atos do inquérito e de eventual processo, sempre que for intimado para comparecimento, devendo manter sempre o seu endereço atualizado;
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Proibição de manter contato com a vítima Heitora Beatriz Freire Santos, por qualquer meio (telefônico, digital ou pessoal), mantendo distância mínima dela de 500 metros (art. 319, III, CPP).
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A AABB Palmas reforça que não compactua com quaisquer práticas de discriminação, preconceito ou intolerância, seja de natureza transfóbica, racial, religiosa ou de qualquer outra forma de desrespeito à dignidade humana.
Esses valores estão expressamente previstos no Código de Ética da AABB Palmas, disponível em nosso site, em conformidade com o artigo 5º, parágrafo IV, que estabelece que o Clube ‘atua em consonância com os princípios constantes da Declaração Universal dos Direitos Humanos e com as Políticas Públicas voltadas à equidade de gênero e às pessoas com deficiência’.
A AABB Palmas reafirma seu compromisso com o respeito, a inclusão e a convivência harmônica, pilares que norteiam todas as suas ações e relações institucionais, esportivas e sociais.
AABB Palmas
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A organização do Copa Matrix 2025, vem a público, com o devido respeito e empatia, manifestar solidariedade à atleta Heitora Beatriz, diante da situação ocorrida durante a partida entre AABB e Alpha de Formoso, neste sábado, dia 25.
Informamos nossa total disponibilidade e apoio à atleta, que foi vítima de transfobia por um torcedor durante a partida.
Situações como a ocorrida não devem ser toleradas, muito menos esquecidas.
Ao tomar ciência da situação, a organização do Copa Matrix 2025 não hesitou em instruir a atleta sobre as medidas cabíveis, além de banir o comparecimento do acusado na sede em que ocorriam os jogos.
Ademais, a organização esteve presente na delegacia no momento de registro do Boletim de Ocorrência, se mantendo à disposição para eventuais esclarecimentos e apoio à atleta.
Em matéria publicada, fora criticado nossa postura referente a punição da equipe AABB. Quanto a isso, informamos que a não punição do time se pautou no fato de a conduta não ter sido cometida por nenhuma das atletas e membros da comissão técnica, sendo inviável que a atitude de um torcedor recaísse sobre a equipe, que dentro de quadra, se manteve com devido decoro e respeito, não sendo registrado ofensas por parte das jogadoras ou da equipe técnica. Por óbvio, caso o time e sua equipe houvessem demonstrado conivência com a atitude criminosa ocorrida, haveria punição.
Neste sentido, como já explicado, não houve negligência, muito menos desapoio de nossa parte, que instruímos e acompanhamos toda situação de perto.
Por todo exposto, reafirmamos nosso total apoio à atleta Heitora Beatriz, que não merecia ter passado por situação tão difícil, delicada e vexatória, em um momento que deveria ser de diversão e alegria para com os times e suas colegas de quadra.
A transfobia deve ser repreendida de todas as formas possíveis, e qualquer manifestação de preconceito deve ser repelida pelas vias cabíveis. O silêncio jamais deve ser considerado e atitudes devem ser tomadas, para que assim entendam e respeitem o próximo, sua verdade e sua vida!
Com o devido respeito, empatia e solidariedade, Organização Matrix 2025
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